“cocksucker blues”, o filme

21ago09

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vazou nesta quinta-feira, na internet, o controverso documentário “cocksucker blues” dos rolling stones, talvez um dos filmes mais raros e – por que não – mitológicos da história do rock.

em 1972 os rolling stones voltavam à américa para sua primeira turnê desde 1969, que terminara tragicamente com a morte de um espectador esfaqueado por um hell’s angel durante um show da banda em altamont (documentado no excelente “gimme shelter”, dos irmãos maysles). para tentar aliviar a barra da banda, mick jagger e companhia resolveram registrar a turnê de 1972 em mais um filme.

apesar do novo filme ter como objetivo reconciliar a banda com o público e a imprensa dos eua, eles não queriam manchar sua reputação de “banda mais perigosa do mundo”, conquistada com extrema dedicação ao lema “sexo, drogas e rock’n’roll”. para a direção do filme convidaram o fotógrafo robert frank que só aceitou o trabalho sob a condição de que nada seria censurado. ele teria acesso a todos os momentos da banda e poderia filmar tudo que quisesse, da forma que quisesse.

frank então teve a idéia de espalhar câmeras entre a entourage dos stones para que qualquer um pudesse pegar e sair filmando o que achasse interressante. depois do filme pronto os stones se arrependeram e resolveram boicotá-lo com medo de que fossem proibidos definitivamente de pisar na américa por causa das cenas de sexo e uso de drogas no filme. vale lembrar que nessa época eles (keith, principalmente) tinham sido presos várias vezes (algumas nos eua e canadá), por posse de drogas.

a banda conseguiu um acordo na justiça que dizia que o filme não seria lançado e que só poderia ser exibido em sessões onde o diretor robert frank estivesse presente. é sabido que o filme chegou a ser exibido em sessões privadas na casa de amigos, como john lennon, por exemplo. antes dessas exibições era mostrado um aviso sacana: “excetuando-se as sequências musicais, todos os eventos retratados neste filme são ficcionais. qualquer semelhança com personagens reais é mera coincidência”.

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desde que eu ouço falar desse filme tinha em mente que fosse uma putaria só. dizia-se que os raríssimos bootlegs disponíveis (marilyn manson diz que possui uma cópia do filme) valiam alguns bons milhares de dólares já que continham cenas de mick jagger e keith richards em orgias homéricas, consumo desenfreado de drogas pesadas e muita, mas muita putaria. daí fui lá ver o filme e…

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sim, tem putaria, tem consumo de drogas, tem keith richards jogando uma televisão pela janela, tem um radialista chamando jagger de “lúcifer do rock” e ainda tem participações de andy warhol, truman capote, tina turner, steve wonder e até do dick cavett. mas não achei nada demais. 

numa época em que videozinhos de amy winehouse e pete doherty usando drogas pesadíssimas, kate moss cheirando cocaína e britneys e lady gagas mostrando tudo para paparazzis de plantão, (sem falar nas sex-tapes de famosos que surgem dia sim, dia também) o filme parece até que é bem leve.

chamar “cocksucker blues” de documentário é um pouco demais. a não ser que o filme vazado seja um rascunho em processo de edição do filme verdadeiro, pode-se dizer que o filme não passa de um amontoado de imagens monótonas e tremidas da banda em quartos de hotéis e bastidores em geral. as imagens de shows são pouquíssimas, a banda pouco fala e quando fala não é nada que se aproveite. dá-lhe imagens de roadies discutindo a inflação do preço da cocaína ou então de keith richards falando sobre o mal que a suíça lhe fez (reza a lenda que ele foi internado nos alpes suíços para “trocar todo o sangue” de modo a se curar do vício em heroína).

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as imagens de putaria, se considerarmos o filme todo, não chegam a somar três minutos. excetuando-se uma parte em que mick jagger simula se masturbar, e outra em que keith richards parece estar tomando uma dose de heroína, a banda aparece em atos libidinosos ou de consumo de drogas apenas como coadjuvante. todos os atos “explícitos” ficam a cargo de membros da equipe da banda. na tão falada cena da orgia no avião a banda está fazendo – acreditem – um samba (com direito a cuíca e keith richards no pandeiro) enquanto o fuck fest rola solto. mas nada que vá corar quem cresceu assistindo cine privé na band nas noites de sábado.

a impressão que dá é que esse vazamento já surge meio datado em 2009. mas é bom para derrubar mais um mito. e mitos quase sempre parecem ser bem mais do que realmente são, caso contrário não seriam mitos. “cocksucker blues” está longe de ser o documentário definitivo sobre os rolling stones, como foi muitas vezes alardeado por aí. existem vários que fazem mais justiça a este título, o já citado “gimme shelter” é um deles. mais do que qualquer coisa, o filme apenas satisfaz um assustador desejo voyerístico e passageiro que alguns fãs talvez tenham. nada mais. logo logo surge uma versão com imagens de melhor qualidade para download.

se tem uma coisa no filme que realmente pode-se dizer que é uma pérola é a apresentação que eles fizeram no madison square garden no dia do aniversário de mick jagger. stevie wonder sobe ao palco para uma jam e canta “parabéns a você”. no fim, ainda há uma guerra de comida no palco com bolo voando para tudo que é lado. essa parte em especial não está no filme, mas no youtube tem tudo.



2 Responses to ““cocksucker blues”, o filme”

  1. OW! Muito foda o teu artigo, parabéns cara! Saquei até uma imagem do teu post pra um do meu blog, obrigado.

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