o gênio fala

21set09

AB

Como foi voltar a tocar com os Mutantes 33 anos depois da sua saída?

Às vezes penso que as pessoas mudam com o tempo, tipo o Sérgio [Dias], meu irmão mais novo. Eu tinha esperança, então fui lá, fiz show no mundo inteiro, Estados Unidos, Europa, mas sempre, o Sérgio, que é o da guitarra, faz complicado demais. Ele escolhe as guitarras que eu menos gosto, nunca uma Gibson igual a do Jimmy Page, por exemplo. Nesse sentido, o show foi meio frustrante. Pensei que ele iria mudar. Os amplificadores eram sempre digitais. Foi meio supérfluo para mim, mas passou. Estou com esperança de agora em diante fazer diferente.

Você comentou sobre psicodelia e toda essa onda. De que maneira o psicodelismo e a droga lisérgica influenciaram o seu trabalho?

Dou graças a Deus por ter conseguido fazer uma coisa aqui no Brasil que fosse psicodélica. Aqui eles acatam o lado proibitivo, mas de uma certa forma, triste, como se fosse uma espécie de máfia. Com todos os altos e baixos da minha vida, vou tentando fazer o melhor que posso.

Na história da música no Brasil, você e sua obra são o marginalizados e subestimados?

Acho que são incompreendidos. Não gosto de falar isso, mas quero que uma fábrica, seja Gradiente ou CCDB, fabrique amplificadores valvulados para eu ser compreendido.

A Rita Lee se recusou a participar do ‘Loki’. Ela disse que é um assunto sobre o qual não gostaria de falar. Isso te magoou?

Não, ficou muito mais fácil para mim, porque ela envolve tanta coisa que eu não entendo, tipo a pilha em bruxaria, falsidade, verdade. Foi muito bom poder falar do jeito que eu quero, independente de observações que podem ser mal- entendidas.

O Kurt Cobain gostava de Mutantes e quando veio ao Brasil, em 1993, quis conhecê-lo e até chegou a escrever uma carta para você. O Sean Lennon te admira muito, assim como Beck e o pessoal do Radiohead. Você se considera uma lenda, ícone, mito?

É bom a gente falar uma coisa que às vezes comentam aqui em casa: “Sou o único ícone pobre” [risos]. Acho que, às vezes, não é bom ser famoso sem ter dinheiro, né? Money, como os Beatles falam na música. Eles falam que ele [o dinheiro] não pode comprar tudo, mas o que ele compra eu quero. [risos]

Você tem medo da morte?

Tenho uma expectativa de viver eternamente, porque existe uma coisa localizada em San Francisco que se chama criogenização. O Timothy Leary parece que fez. Estou com uma esperança vaga de entrar nessa. Não tem nada patente, mas estou me correspondendo com eles. Existem pessoas que acordaram da criogenização.

Você acha que o Homem está evoluindo ou regredindo?

Tenho a impressão que o ser humano tem uma vontade de queimar tudo. Piromaníaco. Em vez de combustíveis solares, que são grátis, ficam queimando, queimando e acabando com nosso oxigênio. Para isso, existe a evolução de carros elétricos. Na Austrália, há corridas de carros elétricos. Tem gente que voa de bibicleta, vi num filme na Inglaterra [risos].

A loucura está bem presente na sua obra.

Ah, de uma certa forma, obrigado.

ótima entrevista. o restante (acredite, é beeem mais longo que isso) você vê aqui.



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